Pontos-chave:
- Os BDRs são uma oportunidade de investir em grandes nomes do mercado internacional, como Apple, Disney, Amazon e Netflix.
- O funcionamento do BDR acontece por meio de uma instituição depositária responsável por comprar ações estrangeiras e emitir o título no Brasil.
- Com a flexibilização da regra aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em setembro de 2020, pessoas físicas em geral passaram a ter acesso aos BDRs.
- Quando negociados com lucro, os BDRs são tributados em 15% nas operações normais e em 20% caso o ganho seja oriundo de operações de day trade.
- O risco de liquidez é presente em operações com BDRs, sendo este um ponto de atenção para investidores em day trade.
Se investir no exterior era uma realidade distante para muitos brasileiros, hoje esse cenário tem apresentado mudanças. Investidores estão tendo acesso a novas modalidades de investimentos, como por exemplo, os BDRs.
Continue a leitura desse guia e saiba mais sobre como os BDRs contribuem com a diversificação e rentabilidade do portfólio, em uma maneira devidamente regulamentada para investir fora do Brasil.
O que são BDRs?
Os Brazilian Depositary Receipts, mais conhecidos como BDRs, são certificados de valores mobiliários emitidos e listados na bolsa de valores brasileira – B3, lastreados em ações de empresas estrangeiras.
Com os BDRs, os investidores têm a oportunidade de realizar aplicações financeiras em grandes nomes do mercado internacional, como Apple, Disney, Amazon e Netflix, sem ter que sair do Brasil.
Antes essa classe de ativos era disponibilizada apenas para investidores qualificados, ou seja, instituições financeiras, fundos de investimentos e/ou investidores pessoa física com mais de R$1 milhão em aplicações financeiras.
Com a flexibilização da regra aprovada em setembro de 2020 pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários, pessoas físicas em geral passaram a ter acesso aos BDRs.
Como os BDRs funcionam?
Para o pleno funcionamento dos BDRs, eles contam com uma instituição depositária que é responsável por comprar ações estrangeiras e emitir o título no Brasil.
Em paralelo, essas ações adquiridas devem ser mantidas e bloqueadas em uma instituição financeira custodiante, no exterior, de modo que não haja um descasamento entre o saldo das ações fora e dos BDRs no Brasil.
Outro ponto importante consiste na exposição cambial que este tipo de ativo possui. Embora sejam negociados no mercado local, ou seja, em reais, as ações adquiridas pelos BDRs são estrangeiras. Sendo assim, o valor dos títulos depende também das variações cambiais.
Como os BDRs são classificados?
De acordo com a instrução CVM n° 332, os BDRs são classificados em programas e níveis diferentes. São eles:
- Patrocinados:
Estes são os BDRs emitidos por uma única instituição depositária, contratada pela própria empresa emissora das ações. Normalmente isso acontece quando a companhia tem interesse em expandir no Brasil.
De acordo como são distribuídos e com base na quantidade de informações que disponibilizam aos investidores, os BDRs patrocinados são subdivididos em níveis I, II e III.
Os BDRs patrocinados nível I não precisam ter registro na CVM e só podem ser negociados no mercado de balcão não organizado ou segmentos específicos. Além disso, as empresas emissoras deste tipo de BDR devem, obrigatoriamente, repassar aos investidores brasileiros todas as informações divulgadas no país de origem.
Já nos BDRs patrocinados de níveis II e III, o registro na CVM é obrigatório e, por este motivo, são negociados em mercado de balcão organizado. A principal diferença entre eles é que o nível III pode ter distribuição simultânea no Brasil e no exterior.
- Não patrocinados: são os BDRs em que a própria instituição depositária é responsável por comprar as ações e emitir os certificados, sem nenhum envolvimento da companhia emissora das ações escolhidas. Diferente dos BDRs patrocinados, estes são considerados sempre de nível I.
BDRs pagam dividendos?
Ainda que investir em BDRs seja uma maneira indireta de comprar ações de empresas estrangeiras, o investidor que neles aplica tem direito a receber os dividendos distribuídos. Contudo, para isso acontecer, é preciso primeiro que as empresas façam essa distribuição.
Contrário ao que muitos pensam, essa não é uma prática obrigatória no mercado. Existem empresas que optam por reinvestir o lucro e não distribuí-lo. Por isso, se o objetivo for receber dividendos, faça uma seleção ainda mais criteriosa de quais BDRs escolher.
Como declarar BDR no imposto de renda?
Assim como acontece nas movimentações com ações, quando negociados com lucro, os BDRs são tributados em 15% nas operações normais e em 20% caso o ganho seja oriundo de operações de day trade.
A grande diferença, neste caso, fica no benefício da isenção de IR, que não é concedido para esta classe de ativos, quando os ganhos mensais são de até R$20 mil, como acontece com as ações.
Para recolher o imposto devido, é necessário que o investidor o faça através da emissão de DARF – Documento de Arrecadação da Receita Federal até o último dia útil do mês subsequente em que foi auferido o ganho de capital. É válido ressaltar que os prejuízos também podem ser compensados no cálculo do imposto dos BDR’s.
Em relação aos dividendos, eles serão tributados conforme as regras utilizadas no país em que suas ações foram originadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, são tributados na fonte em 30%. No Brasil, eles são tributados em até 27,5%, seguindo uma tabela progressiva que inicia em 7,5%. Neste caso, o recolhimento deve ser feito via carnê-leão pelo investidor.
Quais são as vantagens e desvantagens de investir em BDR?
Ao aplicar em BDR, o investidor tem como vantagem a possibilidade de acessar os mercados globais com facilidade, praticidade e baixo custo, posicionando-se em grandes empresas negociadas no exterior.
Sendo assim, os BDRs representam uma excelente alternativa para diversificação. Através deles o investidor tem a oportunidade de mitigar seus riscos, uma vez que não estará exposto apenas ao mercado local.
Por outro lado, ao investir em BDRs é importante estar ciente de que não se adquire a ação propriamente dita. E, embora a tributação desse tipo de ativo siga a mesma regra praticada em outros ativos da renda variável, os BDRs não são contemplados em nenhum momento com o benefício fiscal.
Outra desvantagem desses títulos são a baixa liquidez e a quantidade ainda limitada de ativos disponíveis, sobretudo quando comparada ao mercado internacional.
E quais são os riscos no investimento em BDRs?
Assim como outros tipos de ativos, os BDRs estão expostos aos riscos de mercado. Como estão inseridos no ambiente de renda variável, é natural que sejam sensíveis à volatilidade e correspondam às flutuações dos preços das ações.
Os BDRs também estão sujeitos às variações cambiais. Ainda que os certificados comprem ações de empresas estrangeiras, eles são negociados no mercado local. Por este motivo, estão sujeitos às variações do real.
Outro risco está na baixa liquidez. Caso o investidor queira liquidar sua posição é possível que ele não consiga dependendo do prazo desejado. O que por sua vez serve como ponto de atenção aos investidores que pensam em operar day trade com BDRs.
Qual a relação entre BDR e ETF?
A busca pelos BDRs e ETFs têm crescido exponencialmente nos últimos anos. Ambos são modalidades de investimentos alternativas que refletem o acesso ao mercado internacional com mais facilidade e praticidade.
Enquanto os ETFs, por replicarem um índice de referência, são ativos mais abrangentes, os BDRs são mais direcionados, uma vez que compram ações de empresas específicas. Pode-se dizer que são ativos complementares e, portanto, não competem.
Dito isso, antes de investir, verifique se sua escolha está condizente com seu perfil de risco. Evite posições concentradas em determinadas classes de ativos, assim como se estão de acordo com seu horizonte de investimentos e necessidade de liquidez.
O que esperar dos BDRs no Brasil em 2021?
Em 2021, a perspectiva é que a procura pelos BDRs continue intensa. De acordo com dados disponibilizados pela B3, no último ano, o número de investidores com posição nesses ativos saltou de 2,9 mil para 128,9 mil.
Além disso, desde que a flexibilização da regra entrou em vigor, em outubro de 2020, o volume financeiro negociado em BDR no Brasil dobrou nos três meses posteriores à nova regulamentação.
Isso mostra que os investidores brasileiros realmente estão dispostos a aproveitar a oportunidade de diversificar seus investimentos. É válido ressaltar que o aumento na procura pelos BDRs traz mais liquidez para esses ativos e beneficia os seus investidores.
Lista dos 10 BDRs mais negociados em 2020
Dica Smartt
Os BDRs, de fato, são ativos que somam na composição das carteiras de investimentos dos brasileiros. Através deles é possível ter acesso a grandes empresas globais de forma prática e com baixo custo.
A flexibilização da regra aprovada pela CVM em 2020 veio para expandir e solidificar ainda mais esse movimento. Contudo, ao decidir ingressar nesse mercado é importante verificar se este tipo de ativo está condizente com seu perfil de investidor e sua tolerância ao risco.
Em relação à baixa liquidez, que a maioria dos BDRs possuem, os investidores que buscam operações de curto prazo devem ficar ainda mais atentos.
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