Pontos-chave:
- A Teoria de Dow é um dos pontos de partida para análise técnica e configura um dos primeiros passos para uma atuação profissional no day trade.
- A teoria parte de que a identificação das tendências é um dos principais métodos para a análise do mercado financeiro e para a movimentação dos preços das ações.
- De acordo com a teoria de Dow, para a identificação de uma tendência ascendente, uma média deve avançar para cima quando comparada a uma alta anterior e ainda ser acompanhada pela elevação de outra média.
- Uma tendência de alta deve se confirmar em termos de preço e padrões de volume, até que uma reversão de mercado aconteça.
Mais de 100 anos se passaram desde que o jornalista Charles Dow levantou as principais abordagens do mercado financeiro a partir de análises de tendências, precificação de ativos e volumes negociados. Outros autores estudaram com afinco seu legado e desenvolveram a Teoria de Dow como homenagem às suas experiências do século XIX. Continue a leitura e compreenda a Teoria de Dow como fundamento da análise técnica aplicada à negociação dos ativos financeiros.
O que é a Teoria de Dow?
Atualmente, um dos principais conceitos aplicados na análise técnica é a teoria de Dow. Ela auxilia no entendimento das variações dos gráficos, principalmente em relação à movimentação de preços e percepção de tendências de alta ou baixa dos ativos. Desta maneira, é na Teoria de Dow que temos os fundamentos para alinhar análise técnica com as perspectivas do mercado financeiro.
Uma das mais antigas teorias no estudo dos investimentos, a Teoria de Dow é fundamental para as habilidades de um trader na análise técnica, oferecendo bases para uma atuação cada vez mais assertiva e rápida nas interpretações de um gráfico e nas negociações de ativos.
Quando se observa os preços, é necessária uma visão ampla de seus movimentos. Dependendo da forma de se analisar, há diferentes perspectivas de mercado. Assim, essa teoria contribui para que o trader tenha uma percepção técnica, mas também o oriente para uma decisão estratégica.
Quando a Teoria de Dow foi criada?
Para explicarmos sobre a origem desta teoria, temos que retroceder no tempo e ir ao século XIX para falar sobre Charles Dow (1851-1902), o jornalista americano que foi um dos fundadores do The Wall Street Journal, um dos jornais de maior circulação nos Estados Unidos. Sua importância no mercado financeiro é tamanha que a seu nome é atribuído a um dos maiores índices de mercado mundial: o Índice Dow Jones. Este índice é apurado de acordo com a variação de preços e de representatividade das 30 maiores empresas americanas.
Na época, Charles escrevia artigos para seu próprio jornal e possuía acesso aos preços dos ativos do mercado financeiro. Ele notou que o mercado não era aleatório, e sim se movimentava em tendências identificáveis através dos gráficos de preços. Além disso, Dow tinha convicção de que existia uma correlação entre o mercado de ações e outras atividades de negócios.
Infelizmente, Charles Dow não chegou a ver o resultado final do seu trabalho, falecendo devido a complicações de saúde e deixando a cargo de seus descendentes os estudos, teorias e análises que ele desenvolveu.
A partir de então, foram criados os cinco princípios da teoria de Dow. Tais princípios regem e guiam traders de todo o mundo até os dias de hoje e foram norteadores dos conceitos básicos da análise técnica como a conhecemos atualmente.
Quais são os cinco principais princípios da Teoria de Dow?
1 Os preços descontam tudo: Tudo que se diz em relação à empresa ou ativo está descontado no preço. Se uma empresa vai mal, ela irá ter uma queda nos seus preços. Já se a empresa vai bem, ela irá ter uma elevação de seus preços ao longo do tempo. Esse fundamento está alinhado com a teoria da hipótese de mercados eficientes em sua forma fraca, que é outro fundamento bastante importante na discussão sobre a natureza dos mercados.
Neste fundamento há uma exceção bastante relevante, que são os chamados de “atos de Deus”, que ocorrem quando alguma situação atípica faz com que o preço seja alterado, tanto para cima quanto para baixo. Como exemplo podemos listar os atentados terroristas, catástrofes naturais, rompimento de barragens, entre outros.
2 Os preços se movem em tendência (primária, secundária e terciária): Conforme Charles Dow foi desenvolvendo seus estudos, ele observou que os preços se movem em tendências. A partir disso, ele as categorizou em três: primária, secundária e terciária.
Primária: Esta tendência está associada ao longo prazo do ativo. É importante analisar o gráfico do ativo em uma janela de pelo menos dois ou três anos para verificar qual é a tendência do papel (se é de baixa, de alta ou se está consolidada). Nesta etapa é importante utilizar uma janela de tempo mensal.
Secundária: Nesta segunda etapa, trata-se da interrupção da tendência do ativo. Neste caso, estamos falando das famosas correções de mercado (quedas ou subidas abruptas) que se seguem com a tendência do papel. Nesta situação, utilizamos uma análise mais curta para estudarmos o ativo, a seguir está um gráfico com periodicidade semanal.
Fonte: TradingView
Observamos nesta imagem que o ativo Cielo (Ciel3) possui algumas correções de mercado, porém sem perder a tendência principal até o ano de 2016 e 2017.
Terciária: Na última etapa, fazemos um ajuste mais fino, a fim de encurtar ainda mais nossa análise para visualizar como o papel se comporta neste movimento. Existem pequenas oscilações de preços dentro da tendência principal (primária). Neste estudo, usamos a tendência de gráfico diário. Cada candlestick abaixo representa um dia e nos mostra as tendências de curto prazo do papel.
Fonte: TradingView
3 Princípio do volume: Neste caso, o volume deve confirmar a tendência. O volume é a quantidade de papéis que é negociado no mercado. Charles Dow acreditava que para que se confirmasse qual é a tendência do papel (alta ou baixa), era preciso ter um volume expressivo de negociações.
4 Princípio da Inércia: Segundo as leis da física, a inércia é uma disposição que um objeto/corpo tem de permanecer em seu estado de movimento. Dow utilizou dessa teoria para incorporar seu quarto princípio, a qual se diz que uma tendência é válida até ser revertida. Ou seja, toda tendência só é interrompida quando o preço de fechamento ficar acima de um topo ou abaixo de um fundo anterior, caracterizando dessa forma uma mudança de tendência.
5 As médias descontam tudo: Na época estudada por Dow, a indústria era o carro chefe da economia estadunidense. Foi então que ele criou o Dow Jones Industrial Average. O indicador considerava a média ponderada das empresas do setor, o que auxiliava no acompanhamento do desempenho da bolsa. Entretanto, basear-se apenas no desempenho da indústria não era suficiente, sendo necessária a criação de outro parâmetro: foi aí que surgiu o Dow Jones Transportation Average, que presumia que o aumento de produção está ligado à elevação da necessidade de transporte dos produtos. Este segundo parâmetro baseava-se na média das principais empresas de transporte.
A análise considera os dois índices: se ambos apontarem para uma direção, pode-se falar em tendência consistente no mercado. Já se houvesse divergência, a possibilidade era de mudança da tendência. Daí surge o princípio de que as médias descontam tudo, considerando que elas refletem convicções de todos os players.
Nos dias atuais, de acordo com a teoria de Dow, para a identificação de uma tendência ascendente, uma média deve avançar para cima quando comparada a uma alta anterior e ainda ser acompanhada pela elevação de outra média.
A teoria de Dow ainda vale a pena?
A teoria de Dow foi um dos primeiros passos para entendermos a análise técnica como conhecemos hoje. Seu objetivo de identificar tendências e movimentos foi de grande ajuda para os operadores atuais.
Desta forma, a teoria ajuda a identificar padrões, fazendo com que traders e investidores tomem decisões mais assertivas e conscientes e não baseadas em hipóteses e suposições. Qualquer previsão de mercado faz com que esse tipo de atitude se torne um jogo impossível.
Apesar de toda a contribuição para o mercado, a Teoria de Dow inicialmente foi objeto de críticas. Isso porque, entre outros fatores, o estudo sofre com a lentidão dos sinais de reversão. Quando se fala em preços que devem alcançar topos e fundos descendentes, os investidores podem perder cerca de 25% do movimento. Entretanto, o volume é muito importante para confirmação dos movimentos de preço, bem como as médias.
Como a Teoria de Dow é aplicada ao day trade?
A atuação no day trade, em que são comercializados ativos durante o intervalo de um dia de funcionamento da bolsa de valores, exige do profissional conhecimentos técnicos, controle emocional e tomadas de decisão rápidas e assertivas.
A compreensão plena da teoria de Dow permite ao day trader ter uma interpretação correta e ágil de um gráfico, bem como leva o profissional a ter bases para seguir com o aprendizado e a aplicação de outros indicadores técnicos e fundamentos.
A Teoria de Dow, em sua base, fundamentou a evolução de outros indicadores, por isto é uma porta de entrada para os conhecimentos específicos que possibilitam uma atuação cada vez mais profissional ao day trader e, por consequência, ao alcance de mais lucros em suas operações.
Dica Smartt
Investidores devem se blindar das emoções e agirem pelo raciocínio, por isso, a Teoria de Dow dá importantes lições sobre a movimentação de preços, tendências dos ativos e como tudo isto está relacionada a uma visão macro do mercado financeiro. Ao trader sempre é devido aprimoramento na análise técnica com importante alinhamento ao gráfico, onde sempre estarão os indicativos em que o operador deve recorrer.
Agora que você já entendeu como funciona a Teoria de Dow, é hora de avançar e descobrir outros indicadores e fundamentos que também podem ser seus aliados. Você também pode contar com soluções automatizadas que ao serem configuradas, de acordo com seu planejamento financeiro, podem proteger seu capital e maximizar as operações bem-sucedidas no trade. #Smarttbot: nossa tecnologia às suas ordens!