Pontos-chave:
- O viés de familiaridade está diretamente relacionado a “uma sensação de conforto com o conhecido e desconforto – até mesmo aversão e medo – do estranho e distante”.
- Esse viés cognitivo pode não só impactar no desempenho de sua carteira de investimentos, como também comprometer o controle de risco.
- Influenciados pelo viés de familiaridade, muitos deixam de diversificar seu portfólio, elevando assim a exposição ao risco de forma desnecessária.
Durante a pandemia causada pelo Covid-19, o número de investidores na bolsa de valores permaneceu crescente, mostrando que os brasileiros estão empenhados a manter o nível de retorno de seus investimentos, ainda que para isso tenham que aumentar a exposição ao risco. Contudo, o que nem todos imaginam é que a poupança também tem se destacado nesse cenário.
Em agosto de 2020, a mais tradicional aplicação do Brasil, que iniciou o ano com captação negativa, registrou entrada de R$11,4 bilhões, número oito vezes maior que o registrado em agosto de 2019. Isso mostra que há sempre quem prefira a confortável sensação de segurança do que uma rentabilidade mais atrativa, sobretudo em cenários de crise. De acordo com as finanças comportamentais, isso é explicado pelo viés de familiaridade. Para entender melhor esse comportamento, continue a leitura e evite que ele prejudique seus investimentos.
O que é viés de familiaridade?
Trata-se de um viés comportamental que explica a tendência que alguns investidores têm de tomarem suas decisões baseadas no nível de familiaridade que possuem em relação ao investimento escolhido. Neste caso, ainda que outros ativos e estratégias de investimentos mostrem-se interessantes e oportunos, estes são desconsiderados por não serem conhecidos e, por isso, vistos como investimentos de baixa segurança.
Segundo o professor de finanças comportamentais da Columbia Business School, Gur Huberman, o viés de familiaridade está diretamente relacionado à “uma sensação de conforto com o conhecido e desconforto – até mesmo aversão e medo – do estranho e distante”. Por este motivo, é comum observarmos muitos investidores no mercado de renda variável optando sempre pelas mesmas ações, independente delas estarem em um bom momento ou com boas perspectivas.
Como o viés de familiaridade interfere nos investimentos?
Talvez não pareça, mas o viés de familiaridade pode ser um importante vilão no mundo dos investimentos. Embora manter posições em ativos que já se conhece seja confortável, em um mercado repleto de oportunidades essa restrição pode não apenas resultar em um desempenho aquém da carteira de investimentos, como também comprometer o controle de risco.
Ao limitar-se ao que lhe é familiar, o investidor tende a cometer equívocos que podem resultar em danos financeiros consideráveis. Influenciados pelo viés de familiaridade, por exemplo, muitos deixam de diversificar seu portfólio e com isso acabam tendo posições com alto nível de concentração em determinados ativos, elevando assim a exposição ao risco desnecessariamente. Da mesma forma que, por resistência ao novo, investidores acabam perdendo oportunidades com maior lucratividade.
Qual a relação entre viés de familiaridade e heurística da disponibilidade?
Heurísticas nada mais são que atalhos mentais que ajudam diariamente no processo de tomada de decisões. Ao tentarmos seguir esses atalhos, é possível que equívocos aconteçam durante a interpretação das informações e assim não tenhamos decisões totalmente racionais como devem ser, principalmente em relação aos investimentos.
A heurística de disponibilidade está relacionada com a “frequência com que avaliamos as chances de ocorrência de um evento pela facilidade com que conseguimos nos lembrar de ocorrências desse evento” (Tversky e Kahneman, 1973). Nesse sentido, assemelha-se ao viés de familiaridade, que reflete exatamente a preferência de alguns investidores por ativos financeiros que reconhecem facilmente.
Ambos são vieses cognitivos em que o comportamento e as emoções humanas se sobressaem à racionalidade em momentos de tomadas de decisão. Investidores estão sujeitos a deixarem-se levar pelos gatilhos mentais, portanto é tão importante a blindagem dos efeitos seja da heurística da disponibilidade ou do viés da familiaridade, além dos outros vieses comportamentais já descritos pelos estudos da psicologia com interface às finanças.
Como reduzir os efeitos do viés de familiaridade?
A melhor estratégia para reduzir os efeitos do viés de familiaridade nos investimentos é a diversificação. Estar ciente que um ativo seguro e rentável não é necessariamente o mais familiar, também é fundamental para que esse viés comportamental não comprometa o desempenho dos seus investimentos. Lembre-se que decisões de investimentos devem ser racionais, portanto baseadas em análises criteriosas, avaliando os riscos envolvidos, cenário, horizonte de investimento, volatilidade, dentre outras premissas.
Como superar o viés de familiaridade no day trade?
Assim como em outras modalidades de investimentos, no day trade o viés de familiaridade também se faz presente, seja nos investidores iniciantes ou mesmo nos experientes. E a melhor forma de superá-lo é na diversificação, que naturalmente reduzirá a probabilidade de perda financeira. Afinal, cada companhia e setor reagem diferentemente aos movimentos do mercado.
Além disso, investir, preferencialmente, em ativos mais familiares pode acionar outros vieses comportamentais no day trade, como o de excesso de confiança, e resultar em uma grande “dor de cabeça” para o trader ou investidor. Por este motivo, ter um planejamento de trade definido, com métricas pré-estabelecidas, estudar o mercado e montar suas posições de maneira pulverizada (setores, mercados, etc) é fundamental e fará diferença nos resultados.
Dica Smartt
Em um cenário repleto de tantas incertezas, é natural que muitos investidores optem por ativos financeiros que já conhecem, mas não podemos negar que isso pode tornar-se um grande problema. Ser excessivamente tendencioso ao investir em ações com base no nível de familiaridade faz com que os investidores percam grandes oportunidades e, consequentemente, limitem ou até mesmo comprometam seu lucro. Uma ótima alternativa para reduzir os efeitos emocionais nas operações consiste na automação. O uso de robôs exclui todo viés emocional das operações, tornando o processo racional, ágil, disciplinado e certamente mais lucrativo. #SmarttBot: nossa tecnologia às suas ordens!